
A Rua dos Cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada, Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
- A Rua dos Cataventos - Porto Alegre, Editora do Globo, 1940
- Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946
- Sapato florido - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
- O aprendiz de feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950
- Espelho mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
- Inéditos e esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953
- Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962
- Caderno H - Porto Alegre, Editora do Globo, 1973
- Apontamentos de história sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976
- Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976
- A vaca e o hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977
- Esconderijos do tempo - Porto Alegre, L&PM, 1980
- Baú de espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
- Preparativos de viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987
- Da preguiça como método de trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987
- Porta giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988
- A cor do invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989
- Velório sem defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990
- Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2001