Logo
começou a chover, quando ele chegou à estação de trem abandonada. Era
uma chuva fina dessas de inverno, que de tão persistentes parecem nunca
querer parar. Estava vestido como costumava ir à missa de domingo. Usava
sua melhor roupa e trazia na mão esquerda uma mala surrada de couro.
Depois de subir os seis lances de escada da estação e atravessar um
pequeno corredor, passou pelos guichês corroídos, antes polidas grades
de bronze. Chegou à plataforma, virou à direita e sentou nos restos do
último banco de madeira. Fez todo esse trajeto quase de olhos fechados. O
fizera várias vezes no tempo em que trabalhava na capital e usava o
trem diariamente. Agora o que sobrou da estação era muito pouco. Metade
da marquise estava caída. Algumas paredes ainda teimavam em ficar de pé.
Ninguém sabe por quê. Alguns móveis quebrados ainda estavam lá: pedaços
de uma mesa, o encosto de uma cadeira, um arquivo empenado e sem
gavetas. Pelo chão da plataforma, tufos de capim forçavam passagem pelas
rachaduras. Os trilhos, enferrujados, já não tinham o brilho
de quando por ali passavam as imponentes "Maria fumaças" vindas da
capital para buscar os trabalhadores do interior do estado. Poucos
dormentes também resistiram. A maioria havia sido roubada para servir de
cerca às pequenas casas vizinhas à linha férrea. Então se tudo estava
acabado o que ele fazia ali? O que ele esperava?
Esse texto está registrado na Biblioteca Nacional.
Projeto social
"O livro Universo Interior é formado por contos, aonde são reveladas passagens de uma infância rica e cheia de fantasia, apresentadas por meninos que viveram em uma época em que tudo era possível, até mesmo acreditar que o improvável poderia ser realidade.
O livro nos remete a um passado não muito distante, de cidades interioranas, tranquilas, mas cheias de mistérios; e a um mundo interior que é o nosso interior, com problemas que não são revelados, mas que todos nós temos.
Um universo interior que pertence a todos, mas que só nós mesmos é que podemos administrá-lo."
O livro nos remete a um passado não muito distante, de cidades interioranas, tranquilas, mas cheias de mistérios; e a um mundo interior que é o nosso interior, com problemas que não são revelados, mas que todos nós temos.
Um universo interior que pertence a todos, mas que só nós mesmos é que podemos administrá-lo."
Aviso: A cópia de qualquer texto sem autorização expressa do autor
constitui crime de violação de direito autoral, conforme o art.184 do
código penal cominado com a lei nº 9610 de 19 de fevereiro de 1998.
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