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Barroco (Século XVII)
Este poema (soneto) foi escrito no final do século XVII pelo poeta Gregório de Matos e Guerra. O título é comprido: Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo e, genericamente, mostra a forma e a temática do Barroco.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acabar o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas, no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pelo ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Este poema é barroco. Por quê? O poeta utiliza-se da antítese para expressar (ou tematizar) que tudo na vida e na Natureza é passageiro, é transitório, é efêmero. Essa expressão é acompanhada de uma angústia existencial que se faz presente por ele constatar o ministério da marca inexorável do tempo. O Barroco, como estilo literário, predominou no Brasil na segunda metade do século XVII (1601-1700) e foi fortemente influenciado pela religiosidade da época. Essa religiosidade resultara dos dogmas e dos valores estabelecidos pelo Concílio de Trento (1545-1563). Foram os padres jesuítas que divulgaram o pensamento do referido concílio. Ora, como o Brasil colonial foi educado pelos jesuítas, seria evidente que os escritores da época expressassem, nos seus contextos, a idéia religiosa dominante: a transitoriedade da vida.
Os textos barrocos apresentam algumas características formais, como as apresentadas a seguir:
Antítese:
Os vivos são pó levantados; os mortos são pó caído.
Padre Antônio Vieira
Paradoxo:
O mal que consome me sustenta,
O bem que me entretém me dá cuidado.
Gregório de Matos e Guerra
Verso Invertido:
Se a ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História.
Gregório de Matos e Guerra
Versos interrogativos:
Que amor sigo? Que busco? Que desejo?
Que enleio é ese vão de fantasia?
Gregório de Matos e Guerra
Símbolos e metáforas:
É a verdade, Fábio, nesta vida,
Rosa que manhã lisonjeada
Púrpuras mil com ambição doirada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
Gregório de Matos e Guerra
Cultismo:
Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Gregório de Matos e Guerra
Observação: O cultismo era, na época, uma tendência de o poeta expressar-se ludicamente, isto é, fazer jogo de palavras e trocadilhos
Conceptismo:
Que Demócrito não risse, eu o provo; Demócrito ria sempre. Logo, nunca ria. A conseqüência parece difícil e é evidente. O riso, como dizem os filósofos, nasce da novidade ou admiração e, cessando a novidade e a admiração, cessa também o riso; e como Demócrito se ria dos ordinários desconcertos do mundo, e o que é ordinário e se vê sempre não pode causar nem admiração nem novidade, segue-se que nunca ria, rindo sempre, pois não havia matéria que motivasse o riso.
Padre Antônio Vieira
Barroco (Século XVII)
Este poema (soneto) foi escrito no final do século XVII pelo poeta Gregório de Matos e Guerra. O título é comprido: Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo e, genericamente, mostra a forma e a temática do Barroco.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acabar o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas, no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pelo ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Este poema é barroco. Por quê? O poeta utiliza-se da antítese para expressar (ou tematizar) que tudo na vida e na Natureza é passageiro, é transitório, é efêmero. Essa expressão é acompanhada de uma angústia existencial que se faz presente por ele constatar o ministério da marca inexorável do tempo. O Barroco, como estilo literário, predominou no Brasil na segunda metade do século XVII (1601-1700) e foi fortemente influenciado pela religiosidade da época. Essa religiosidade resultara dos dogmas e dos valores estabelecidos pelo Concílio de Trento (1545-1563). Foram os padres jesuítas que divulgaram o pensamento do referido concílio. Ora, como o Brasil colonial foi educado pelos jesuítas, seria evidente que os escritores da época expressassem, nos seus contextos, a idéia religiosa dominante: a transitoriedade da vida.
Os textos barrocos apresentam algumas características formais, como as apresentadas a seguir:
Antítese:
Os vivos são pó levantados; os mortos são pó caído.
Padre Antônio Vieira
Paradoxo:
O mal que consome me sustenta,
O bem que me entretém me dá cuidado.
Gregório de Matos e Guerra
Verso Invertido:
Se a ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História.
Gregório de Matos e Guerra
Versos interrogativos:
Que amor sigo? Que busco? Que desejo?
Que enleio é ese vão de fantasia?
Gregório de Matos e Guerra
Símbolos e metáforas:
É a verdade, Fábio, nesta vida,
Rosa que manhã lisonjeada
Púrpuras mil com ambição doirada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
Gregório de Matos e Guerra
Cultismo:
Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Gregório de Matos e Guerra
Observação: O cultismo era, na época, uma tendência de o poeta expressar-se ludicamente, isto é, fazer jogo de palavras e trocadilhos
Conceptismo:
Que Demócrito não risse, eu o provo; Demócrito ria sempre. Logo, nunca ria. A conseqüência parece difícil e é evidente. O riso, como dizem os filósofos, nasce da novidade ou admiração e, cessando a novidade e a admiração, cessa também o riso; e como Demócrito se ria dos ordinários desconcertos do mundo, e o que é ordinário e se vê sempre não pode causar nem admiração nem novidade, segue-se que nunca ria, rindo sempre, pois não havia matéria que motivasse o riso.
Padre Antônio Vieira
Muito pedagógico, o post.
ResponderExcluirFeliz final de semana.
Puxa ! Muito aprendi. Agradecida !
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